Insaniae - Outros Temem Os Que Esperam Pelo Medo Da Eternidade lyrics
Tracks 01. Porque fomos. somos/porque somos. seremos
02. A maior dádiva que te dou é não te tocar 03. Habitas na memória que vais perdendo 04. Adormecer na cidade onde não é permitido dormir 05. Sangue, medo, doença e dependência- a história da vida e da morte 06. Celebração terminal 01. Porque fomos. somos/porque somos. seremos
Estão todos a ponderar porque estão aqui
Que destino vos trouxe até mim outra vez Olham em redor e tentam perceber O que todos têm em comum Estão reunidos pois esta é a minha história Um conto amargo de desilusão Nove estranhos estão prestes a descobrir Porque vestem a mesma roupa Porque estão amarrados da mesma forma Porque agora se encontram Uma história antiga e horrível É a minha vez? agora têm que ouvir Vingança? é o que procuro Perdão? não será concedido A Dor? é obrigatória Alívio? Discurso? preparado há muito Resposta? desnecessária O Ódio? acumulado Morte? No fim, espalhados pelo meu mundo Encharcam-me as memórias, ouvem-me agora para sempre 02. A maior dádiva que te dou é não te tocar
As mãos frias sobre o teu pescoço, sobre o teu respirar,
Causam arrepios e provocam o pânico, Sem controlo tentas escapar. Na pele abrem-se as fendas que deixam transparecer o teu medo, A tua fala fica suspensa, queres desaparecer, Mas não reconheces nada à tua volta Com as mãos / será a minha angústia Que uso / Devoras a voz uma vez Para te / Roubas a inocência que fiz Comer / Vês-te na cor da minha carne As mãos cobrem-te a boca, perdes os sentidos, mas não acaba. Horas que parecem séculos, a tremer? Sem segurança nem réstia de esperança Fraquejam-te os membros, o suor escorre, O tempo ganha dimensões perpétuas Enquanto vais para dentro de ti Com o desejo do fim Com as mãos / será a minha angústia Que uso / Devoras a voz uma vez Para te / Roubas a inocência que fiz Comer / Vês-te na cor da minha carne Dormente, esqueces-te de ti Perturbada, só pensas em mim Cinco sentidos, outros tantos pesadelos A visão atordoada e real O cheiro do teu receio animalesco O sabor podre das minhas mãos Na tua boca, ouvir o estranho, a voz a gritar de fora É o toque áspero que te domina a consciência Que chegou o momento do terror É o que sempre quiseste ser, mas que nunca te vai abandonar, Entoas o teu choro e embalas para o esquecimento Ah que som esse? Olhos de vidro baloiças num movimento incessante Rasgas a roupa, queimas a tua beleza Só tu sabes o que é viver encarcerada Com as mãos / será a minha angústia Que uso / Devoras a voz uma vez Para te / Roubas a inocência que fiz Comer / Vês-te na cor da minha carne 03. Habitas na memória que vais perdendo
O esquecimento dos eventos que marcam uma vida, que alteram o curso da história, Leva a uma obsessão compulsiva
Documentação de tudo E não deixar nada por escrever Um esforço imenso para te lembrares Dos pormenores, pessoas e datas Não é possível, o tempo vai apagando certas passagens, E tendes a lembrar o essencial, no entanto é isso que abominas Os factos realmente marcantes Dignos de figurar no teu corpo Assentas no sítio onde sabes que não vão desaparecer, Já pertencem ao passado Não queres esquecer Construo tudo novamente Habitas a tua mente Totalmente alienada O medo de tudo perder Tudo se esvai na confusão Fragmentos da vida passada Todos os dias lembro o desgosto Os outros não atribuem tanta importância aos factos, Não possuem a tua minúcia, E no entanto parecem não se importar 04. Adormecer na cidade onde não é permitido dormir
Vaguear pelas ruas da amargura
Sem poder adormecer nem acordar Sem saber o que está do outro lado O que te espera, tormento ou prazer? Percorrer este deserto Sem almas nem vida humana Tudo está morto e inerte Apenas tu moves este mundo A loucura instala-se O rumo perde-se Dia após noite Pedes descanso A tua existência estilhaçada E o teu medo justifica a mágoa Conheces cada pedaço de rua Bebes a luz da madrugada O teu corpo não responde A tua visão alterada Profundo desgosto pela tua sina Inveja ultrajada do sublime luxo Um destino inevitável Aguardas em silêncio Guardas os restos do que acabou Chega a madrasta noite Ansiedade do que virá Estarão as pedras no mesmo sítio? Expectativas goradas e vãs Estarão os sons no mesmo lugar? Os outros invadem O que já te pertence Começa mais um dia Acaba mais uma vida Os outros pertencem-te És forçada a vivê-los Começa mais uma vida Acaba mais um dia 05. Sangue, medo, doença e dependência- a história da vida e da morte
Lembranças do sangue a escorrer pelas coxas
Permanece no inconsciente Sem noção, o sabor doce como o primeiro Fôlego desesperado Nunca desaparece, acasos que aumentam o fascínio O constante palpitar, dor que se aprende e logo se esquece Alivia a alma, impede a vida, escorre lentamente Assusta na anormalidade quem não conhece o seu desespero Escorre por ti abaixo, sai pelas extremidades sem nada fazer Beleza personificada, pelos traços do inevitável Sem força, dependente e doente, jazes imóvel no escuro Caiem-te dos olhos, as lágrimas divinas pintam-te o rosto É a mascara que usas, para todos contemplarem o castigo Tinta para te escrever fundo e cravado um livro de cicatrizes Conta a história do passado, saboreia o efémero O gosto que não sente, a memória Do ódio, nasce o gosto incompreensível que te atormenta O vazio apodrece os sentidos, desperta a cor O sangue controla a vida e nada mais, recordar a fome Sentir o medo de acordar, se viver é recordar, prefiro morrer Sem força, dependente e doente, jazes imóvel no escuro 06. Celebração terminal
Todos os que são capazes
De odiar estão presentes Disponíveis para atender Estas preces que ouvem Chegam pelo adro de pedra E ficam mudos a observá-la Os pedaços estão dispostos No local da última morada Aberta e quebrada Para gáudio dos presentes Numa celebração Reveladora dos segredos Os mais santos da comuna Gritam a mais falsa das blasfémias Porque temem os que esperam O medo da vida eterna Respiram a vergonha De ver a negação do mal Que se transforma no prazer Desta vossa contestação O significado sem propósito A vida sem significado E o corpo sem vida Constituem o festim Somos o que te corria nas veias O que recordamos de ti Celebremos o fim Guardemos os restos É tudo o que destruímos Viemo-nos alimentar Para que possamos dizer "Eu saboreei o fim" |