Dorsal Atlântica - Dividir & Conquistar lyrics
Tracks 01. Tortura
02. Vitória 03. Violência É Real 04. Metal Desunido 05. Lucrécia Bórgia 06. Morador Das Ruas 07. Velhice 08. Preso Ao Passado 01. Tortura
Culpa, capuz, oficina, nudez
Terror, sessão, porrada, sevícia Pensou em Deus, na mulher, nos filhos Ninguém vem, ninguém sabe Todos que suportaram a tortura mentem E os que não puderam suportar mentem também O medo da dor é mais forte que a própria dor Tortura não passa de um ato sexual Tormentum, ignis, famis, sitis O carrasco espera, sorri, demora A pele do lobo como a pele do cordeiro E ninguém vence durante o tempo todo 02. Vitória
Eu fazia força para entender
Porque as coisas tinham que ser assim E não de outra maneira Vivendo coincidências Acontecendo, tudo serviu de lição Quase desisto, mas quando olho para trás E vejo o que construí Um sentimento inabalável como história Certo da vitória Me senti como uma arma descarregada Para enfrentar os animais Não preciso de balas Os cães latem porque estão mortos Nascemos com a missão de fazer um sonho viver Mesmo com pessoas e pedras fechando o nosso caminho Fazem necessário que não tenhamos nenhuma paz Porque a alma descansada não brilha jamais Inabalável Certo da vitória 03. Violência É Real
As coisas começam sem saber direito o porquê
Hoje você passa e não vê Que amanhã vai ser você a próxima vítima Que não tem culpa dessa situação Viajando na estrada, um ruído seco Dentro de um ônibus atiraram em um inocente Por pura ignorância Ninguém esperava sentir como a vida é tão fugaz E a morte ronda todo cheiro de carniça Primeiro dia do ano novo Primeiro dia de nossas velhas vidas A realidade consegue ser Pior do que a pior de nossas fantasias Você sente que isso ainda não te atinge Se sente seguro em um casulo de seda Os passageiros se organizaram e socorreram o ferido Sem nunca terem se encontrado antes Um temeu pelo outro Você descobre o que é solidariedade nos momentos mais difíceis Pelo menos uma vez eu tive esperança E como é bom acreditar nisso Até quando vai durar Esperar morrer para agir? Lutar, nossa obrigação para mudar Não é história, cara Violência é real Esses exemplos do presente precisam mudar o rumo do futuro Terminar bem aliviou nossas almas mas deixou uma questão no ar Se deixarmos ficar como está Nossa vez também vai chegar Porque o que destrói a raça humana é a incompreensão de ser humano 04. Metal Desunido
Ambições pessoais são armas poderosas
Cegos se deixam levar, cada tem sua verdade História muito velha, já aconteceu outras vezes Eu sei, eu vou ver de novo tenho certeza Vocês, não sei Metal Desunido Ambos os lados da moeda se igualam, todos lutam entre si Fazem o mesmo, distorcem a verdade Mentem para os outros, mentem para si Não sigo suas regras, não sigo ninguém, vive tua vida Dono da verdade, deixa viver a minha Metal Desunido Vocês não vêem, estão criando seu próprio sistema Se enforcam com a própria corda sem perceber Cavaram o próprio túmulo, estão se enterrando nele Feito serviçais seguem o mestre dos fracos Mentem e se iludem, falsas convicções Absolutas certezas baseadas em nada Alicerces sustentados em areia Metal Desunido Vai se matar, vai se destruir 05. Lucrécia Bórgia
Filha de um Papa, nasceu para fazer parte de um jogo
Teve que pagar um preço muito caro por tudo isso Educada como toda mulher para obedecer E casou com quem fosse conveniente Alianças políticas para fortalecer o poder dos Bórgia Comentavam pelas ruas sobre incestos com os irmãos e o pai - o Papa Assassinos e corruptos impunes sob a sombra de Deus e o Vaticano Lucrécia queria amar e viver Invejosos difamaram seu nome Como se não bastasse o sofrimento De ver o marido estrangulado pelo irmão César Ela era apenas uma peça sendo usada até o final Visões da morte O rio Tibre se banhou de sangue de um Bórgia Morto por outro Bórgia, os dois irmãos Todos sabiam que César era culpado, mas ele tinha o poder O povo dizia que os motivos eram ciúmes da irmã Da própria irmã Visões da morte Uma rede de intrigas fortalecia o poder, os Bórgia Traíam quem quer que fosse, não havia limites Para alcançar todos os objetivos Lucrécia teve o poder de Roma nas suas mãos Teve todos os homens aos seus pés Todos os artistas a sua volta Todo o poder do mundo ao seu redor 06. Morador Das Ruas
Bebendo sem parar, as horas não passam
E respirando o ar gelado entre prostitutas, Travestis, desocupados, Cheiro de luxúria e cerveja me entorpecem Chuva bate forte no chão quente, o cheiro de asfalto Entre você e eu só existe a noite E a vontade de nos encontrar Essa estranha sensação de abandono fica solta no ar Encontro sem hora marcada Esse ruído insistente de silêncio Ligados pelo mesmo sentimento final Esquinas, ruas mudas, espreitando em silêncio Ouvindo-nos andar e arfar Morador das Ruas Precisa ser livre, não se sentir preso a nada e ficar Apenas o mundo sem obrigações O próprio reinado do morador das ruas Só, viver, livre, agora Se essas ruas pudessem ser minhas Eu poderia abraça-las Senti-las vivas pulsando Sugando a vida de quem passa nelas Ou se quisesse destruir tudo como um crime passional Para que isso? Por que não ir embora e esquecer? Estou aqui sei que vou ficar, porque aqui é meu lugar 07. Velhice
Se eu não trabalho então eu não existo
Se eu não servir de produção, estou morto estando vivo ? Não é assim que vocês raciocinam ? Penso que ainda existe vida nos retratos amarelos Eu vejo, eu falo, eu ouço, eu penso Sou carne viva, sangue circulando Tenho sentimentos até mesmo na velhice A dor de querer e tentar ser útil E ninguém prestar atenção Eu me sinto como um retrato amarelo Não quero que tenham dó de mim Eu não preciso desse tipo de caridade Mãos enrrugadas, trêmulas, proféticas incomodam E parecem carregar uma peste sem cura Velhice é uma criança que retorna e preocupa Amigos se vão, o pano cai, a peça sai de cartaz Ser esquecido na poltrona do canto da sala Paisagem adormecida de uma vida longínqua Lembranças minhas que não interessam à ninguém Meu maior erro foi acreditar que o meu jardim nunca Iria envelhecer. 08. Preso Ao Passado
Lugares fazem lembrar cheiros, movimentos, pessoas
De onde vem esse medo de continuar É mais fácil viver para trás Passado, quanto mais caminho mais decepções A vida prega peças e essa é uma delas Vivendo e não aprendendo, difícil não se emocionar As coisas ruins do passado tendem a esquecer Só lembram das coisas boas É uma ilusão, mas quem não gosta? Preso ao passado, continua a viver Com tédio do presente E receio do futuro |