Ao cair na Terra
Encontro "Pedaços de Céu"
De todas as formas e cores
Ou de mil sabores
E todas as vezes que os encontro
Mais os perco no horizonte...

Pedaços de céu
Que procuram
Pedaços de vida
Neste mundo
Tão perdido
(Tão perdido)

Verdades
Que voam sem destino
Em busca de mentiras
Oprimidas
Pela verdade
Cruel e sentida

Verdade e Amor
Bondade e Simplicidade

Abraço a Lua
Dançando descalça
Piso as estrelas
Caindo em graça...

Numa canção
Cantada sem fim
Nasce outra Vida
Encarnada em mim

Oh triste embalo
Que tanto lamentas
Desencantos vividos
No Lago das Tormentas

Mistério... Que paira no ar
Serás Tu?
Quem me chama
E que me encanta!

Olhos, não te vêem
E a carne não te sente

Onde estás?
Eternidade!
Vem buscar-me
Com o teu manto!

Já sinto, os teus braços,
As brumas no cabelo
O respirar de novo
Contigo...

"Vê mais longe a gaivota
Que voa mais alto."

Venham gaivotas...
Tempestades
Que por ti
Morrerei...

Para poder nascer de novo...

Textos e prosas
Nunca antes lidas
Lugares sagrados
Terras perdidas

Enfeitiçava...
Florestas e pedras
Com o seu canto
E a sua lira

Com o seu canto enternecedor
Comoveu os deuses do mundo inferior
De igual modo que este autorizaram
O regresso deste ao reino dos que não falam

Conhecido como o fundador dos mistérios
Aquele que emergiu do reino etéreo
O mito fala de Orpheu
Trazendo pela mão o amor eterno

Num Tempo muito distante,
Onde os Deuses reinavam
E os Homens matavam
Nasceu... o Destino,
Forjado às mãos
De um criador divino.

O barco da desgraça
Transporta a semente,
Para alguns crentes
A vida eterna...

O filho da morte
O rei da vida
A minha história perdida.

Agarra as minhas mãos
Conta a minha história

Nenhuma guerra dos Homens,
Pode destruir um amor divino!

Num retalho da minha vida
Cosi o meu destino
Cantei dos Céus à Terra
Embalada num vestido

Saltei pelas pedrinhas
De um lago que encontrei
Caí nas suas águas
E assim me transformei

De um conto de fadas nasci
Em boa hora sem condão
Pensei que fosse esta a sina
Afinal era ilusão

Venham por terra e por mares
Sagradas caravelas
Com o brasão à proa
Carregando ventos de bóreas
Onde estão, Lusitanos,
As tuas glórias?

Oh meu povo lusitano,
Quantas lágrimas derramadas?
Quantos nomes enaltecidos?
Mas de vós, povo embarcadiço,
Só eu canto!

Da pequenez de uma nação
Nasce a grande paixão
Por meio mundo navegamos
Por outra metade lutamos.

Encantando a Terra
E os céus...
Descubro montes
Vales e ilhéus

E numa dança
Em redor da caldeira
Lanço feitiços
Sou uma Feiticeira

Num cântico mágico
De sonhos e medos,
Encontro poderes
Histórias e segredos

Paixões e ódios
Mundo de Medeia
Vinganças terríveis
Sou uma feiticeira

Declamo lembranças
Sonhos de guerra
Tenho esperança
Dos Deuses na Terra

Invoco Deuses
O Mal e o Bem...
Que ferva a caldeira
E tudo o que tem!

Tanto tempo,
Tanto tempo que passou
Tantos momentos
Momentos de mentiras

Nada ficou
Tudo mudou
Já não estou cá
Para dizer amor

Magoaste,
Deixaste
O tempo que existe
É o que criaste

Há tempos que vêm
Para ficar, para lembrar
Que nada tens e que nada sou
Sem uma lágrima para te chorar

Mesmo que morra agora
Estarei no teu altar
Para te lembrar que estou
Mais viva que Tu

Dos lábios molhados
Sinto medo,
E do olhar
Desejo

Cantares
De arrepiar,
No meu mundo
De mentiras...

Num reino perdido
Onde não há guerra
O Deus pedido
É o Deus da Terra!

Terra de ninguém
Terra de todos
Enterram-se as armas
Ressuscitam as Almas!

Almas queridas
Almas tão malditas
Temem punição
Nesta Terra da razão!

No dia em que morrer
Não quero ser Rainha,
Prefiro ser mendiga
E ter a coroa que tinha!

Atirem-me rosas
Eternas de paixão,
Não me dêem mais lágrimas
Falsas de emoção!

Se tiverem que chorar,
Não chorem! Cantem!
Também eu já cantei
E por vós também chorei.

Oh andorinhas, onde estão
As minhas primaveras?
Já vejo os corvos
Que me levam para a Terra.

Que belo anoitecer,
Para se morrer!
Em volta de um sonho
Que não chegou a ser

Saltem, cantem
Mas por mim não chorem
Que eu cá estarei!

Saltem, dancem
Mas por mim não chorem
Que eu voltarei!